quinta-feira, 15 de maio de 2014

Entrevista

Isabel Frade fala sobre alfabetização na idade certa e formação de professores


Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FaE/UFMG), pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) e coordenadora geral do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) naquela instituição, Isabel Cristina Alves da Silva Frade dedica-se especialmente a educação e linguagem. É autora de materiais para a formação inicial e continuada de professores da Rede Nacional de Formação Continuada do Ministério da Educação (MEC), para o projeto Veredas – Formação Superior de Professores (iniciativa da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais), e para a Universidade Aberta do Brasil (UAB/UFMG).

Nesta entrevista, Isabel Frade comenta os avanços e desafios da política educacional implantada em 2012, que tem como principal objetivo "garantir que todas as crianças brasileiras de até oito anos sejam alfabetizadas plenamente". A professora enfatiza a importância de articular as três vertentes do Pacto (avaliação, formação dos professores e material didático), mas atenta para a importância de ''haver continuidade na formação e avaliação, e não um abandono após esse processo''. 
Plataforma do Letramento: Qual é o diferencial do Pnaic em relação a outras políticas de formação de alfabetizadores?
Isabel Frade: O Pnaic é uma política de continuidade do governo brasileiro voltada à formação dos educadores, que começou com o Programa de Formação de Professores Alfabetizadores (Profa), criado pelo MEC em 2001, com a proposta de orientar as ações educativas de alfabetização na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Depois, veio o Pró-Letramento – Mobilização pela Qualidade da Educação, iniciado em 2005. Agora, temos o fortalecimento dessas políticas com o Pnaic, ou seja, a continuidade e a evolução desse processo, e não uma ruptura. A diferença é que essa é uma política educacional mais aprofundada, pois reúne três vertentes indispensáveis para o seu êxito: o processo de formação, o de avaliação e a disponibilização de materiais didáticos nas escolas para uso do educador e do aluno.


PL: Há resultados recentes em relação ao processo de formação dos educadores?
IF: 
É necessário tempo adequado para se obterem resultados concretos. O processo de formação é apenas o começo, que levará cada localidade a discutir as suas demandas e especificidades educacionais.


PL: Como o Pacto pode ajudar a educação brasileira a diminuir os índices de analfabetismo funcional, que ainda são altos no país?
IF: A formação de uma rede de reflexão permanente após os cursos de formação é imprescindível. Um curso que dura dois anos não resolve todos os problemas. Deve haver continuidade na formação e avaliação, e não um abandono após esse processo.


PL: Quais são os benefícios para os educadores brasileiros?
IF: Os benefícios são inúmeros, como a implementação de um repertório comum aos educadores brasileiros, a universalização dessa formação e, principalmente, a articulação das três vertentes do Pacto (avaliação, formação e material didático).


PL: Como incentivar os educadores nessa empreitada?
IF: Devemos fomentar o protagonismo nos educadores; eles não devem esperar soluções prontas, mas sim buscar iniciativas para a concretização de suas metas e expectativas. Além disso, devem se articular em grupos independentes, com a sociedade, para criar e desenvolver novas ideias, novos cenários, que fortaleçam a importância da alfabetização na idade certa.


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